04/11/07

Coimbra: AAC evoca 120 ano com "viagem" pela sua história

Coimbra, 04 Nov (Lusa) - Uma viagem pela história da Associação Académica de Coimbra (AAC), através de uma criação cénica com a participação dos suas secções e organismos culturais e desportivos, marcou sábado à noite a evocação dos 120 anos da instituição.

Coimbra, 04 Nov (Lusa) - Uma viagem pela história da Associação Académica de Coimbra (AAC), através de uma criação cénica com a participação dos suas secções e organismos culturais e desportivos, marcou sábado à noite a evocação dos 120 anos da instituição.

Recorrendo a uma peculiar construção narrativa, como se de um documentário se tratasse, a Gala dos 120 anos, apresentada no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) deu especial ênfase aos momentos das lutas académicas - a de 1969, de oposição ao regime fascista, e a de 1992, de combate às propinas e por um ensino superior gratuito e de qualidade.

A fazer a ligação entre os vários momentos concebeu-se um diálogo memorialista de um avô a recordar os factos históricos, e a lembrar à sua neta que a formação integral da pessoa não se reduz a "acabar o curso rapidamente com boas notas para entrar no mercado de trabalho".

A abrir o espectáculo surgiu o Orfeão Académico da Universidade de Coimbra, a que se seguiram outros momentos musicais com "clássicos" da canção coimbrã, como "Filhos da Madrugada", de Zeca Afonso, e "Trova do Vento que Passa", com poema de Manuel Alegre, transformado num "hino" da crise académica de 1969 pela voz de Adriano Correia de Oliveira.

A "Tomada da Bastilha", que todos os anos se evoca, a recordar a expulsão dos lentes do seu clube para aí instalar a 25 de Novembro de 1920 a sede da AAC, foi recriada através de um vídeo em formato de filme mudo recheado de humor que contagiou as várias centenas de espectadores.

Outro momento alto foi atingido com a recriação radiofónica para as imagens da final da Taça de Portugal em Futebol em 1969, em que a Académica baqueou no prolongamento perante o Benfica.

Esse jogo foi transformado pelos estudantes em mais uma jornada de oposição ao regime fascista de então.

A crise académica de 1969 foi ainda lembrada com um "sketch" a recordar a carga policial sobre os estudantes e através de imagens televisivas dos momentos que a fizeram espoletar, como a recusa ao pedido de palavra do então presidente da AAC, Alberto Martins, para intervir na sessão de inauguração do edifício do departamento de matemática.

Contudo, o espectáculo não constituiu apenas um recordar de factos históricos.

Introduziu pontualmente críticas às políticas actuais, mais evidentes na actuação da Orxestra Pitagórica, com uma recriação de um êxito da música ligeira pela introdução do refrão: "o aumento das propinas dá cabo de mim".

Além do teatro e da música, também a dança com elementos das classes de ginástica esteve presente, por vezes intermediada com exibições de elementos de outras secções desportivas.

O espectáculo, que apresentou um fio narrativo sem quebras, numa colagem de elementos cénicos diferenciados, provocou momentos de grande entusiasmo no público, onde pontificavam alguns antigos presidentes da AAC, como José Manuel Viegas, Emídio Guerreio e o antigo presidente da Assembleia da República Almeida Santos.

A terminar a evocação, foram apagadas as velas de um grande bolo nos jardins da AAC e exibido um espectáculo de fogo de artifício.

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