07/02/11

Análise ao Académica 3 - Beira Mar 3

O Jogo

3286 adeptos assistiram, nesta tarde solarenga de Domingo, no ECC, ao embate que colocou frente a frente Académica e Beira Mar. O jogo, com emoção e golos a rodos, resultou num empate a 3 golos, com consequente divisão de pontos.

Com muitas mexidas no seu 11 titular devido a lesões (Orlando e Hélder Cabral), castigos (Bischoff) e ao desgaste provocado pelo jogo das meias da Taça na quinta-feira à noite (Pedrinho, Adrien e Éder), a Briosa apresentou-se arrumada no seu 4-3-3 característico (embora com algumas variações no decorrer da partida). Alinhámos com Peiser; Pedro Costa, Habib, Berger e David Addy; Nuno Coelho, Diogo Melo e Diogo Gomes; Laionel, Miguel Fidalgo e Sougou (suplentes: Ricardo, Luiz Nunes, Hugo Morais, Éder, Diogo Valente, Adrien e Júnior Paraíba).

Entrou melhor a nossa Briosa: arrancada de Addy na esquerda, falta de Tatu e livre directo; Diogo Melo bate o livre de forma tensa e a defesa do Beira corta para canto; o canto é cobrado para o miolo da área por Diogo Gomes e Diogo Melo aproveita a confusão para marcar de cabeça, estava feito o 1-0 logo aos 6'.

Daqui em diante, a dar seguimento ao péssimo hábito instalado na equipa desde que temos este treinador, a Briosa entregou a iniciativa de jogo ao adversário e passou a defender o resultado (com 84 minutos para jogar)... Mal, muito mal... Agradeceu o Beira Mar que, dotado de executantes de nível médio-baixo (salvo 3 ou 4 jogadores...), criou algumas jogadas de ataque. Foi assim aos 8’, aos 14’, aos 16’, aos 18’ (bola na trave), aos 19’, aos 24’, aos 26’ (golo anulado), aos 29’ e aos 33’. Muito tímida neste período, a Académica apenas fez três jogadas de ataque (uma aos 10’, outra aos 21’ e outra aos 31’).

Não foi de estranhar, por isso, o golo merecidíssimo do Beira Mar à passagem dos 35’: Artur dribla e cruza na linha de fundo e Djamal, completamente à vontade, bate o desamparado Peiser.

Como de costume, apenas nesta altura é que os nossos se lembraram que também havia uma baliza do outro lado do campo, tendo realizado jogadas interessantes aos 37’, 38’, 41’ e 45’.

Chegou o intervalo e o placar assinalava uma igualdade justíssima a 1 golo: a uma Académica mais técnica, com jogadores de nível um pouco superior (mas muito desconcentrados e muito pouco aplicados), opôs-se uma equipa humilde, muito solidária, muito batalhadora e com uma arrumação táctica muito bem cuidada (grande treinador, este Leonardo Jardim...).

Enquanto esperávamos pela segunda parte, ainda tivemos o prazer de observar o regresso muito saudado do Pedro Roma às balizas do ECC por conta de uma iniciativa de uma marca de cervejas (será que não teria merecido, ao menos, uma oportunidade decente para se despedir dos adeptos da Briosa?).

Enfim, lá chegou a segunda parte e com ela a substituição do Diogo Gomes (que esteve absolutamente irreconhecível...) pelo Adrien, numa tentativa de emprestar alguma qualidade ao meio-campo. E, avaliar pelos primeiros minutos, dava a impressão de que os jogadores vinham com outra vontade para a etapa complementar: duas jogadas de perigo que, primeiro Sougou (aos 46’), e depois Laionel (aos 47’) enjeitaram.

O problema é que o Beira Mar volta a marcar logo a seguir (aos 49’): centro de Rui Sampaio na direita, corte deficiente de Berger e remate seco de Artur para o fundo da baliza de Peiser. Cheirava a injustiça porque, pelo menos nesta segunda parte, o Beira nada tinha feito para marcar. Mais injusto seria se, logo no minuto seguinte, Peiser não se tivesse oposto de forma espectacular a um remate de João Luiz... Por esta altura já se sentiam muitos assobios vindos das bancadas e já se suspirava por um “clique” que acordasse os nossos jogadores.

Em seguida, veio a contribuição do árbitro: Ronny derruba Pedro Costa DENTRO DA ÁREA e, instruído pelo seu auxiliar "rouba" um penálti nítido à Briosa.

Os nossos jogadores não acordavam e Peiser tem de sair da área (aos 59’) para tirar a bola dos pés de Ronny que se preparava para “matar” o jogo... Desespero...

Finalmente, aos 65’, Adrien ameaça com um desvio de cabeça e, no minuto seguinte, a Briosa chega ao golo: passe a rasgar de Pedro Costa (pareceu-me) e Sougou, em velocidade, antecipa-se ao guarda-redes do Beira que fica muito mal na fotografia...

Na “dança das substituições”, Éder entrou aos 66’ para substituir o apagadíssimo Miguel Fidalgo e, aos 74’, Diogo Valente substituiu Laionel (mais um jogo para esquecer...). Mas a melhor oportunidade neste período é para Artur que falha o remate quando estava em óptima posição para marcar.

Após as substituições, jogo da Académica pareceu, finalmente, mais fluido e muito mais objectivo: Éder conseguia segurar muitas bolas na frente e a equipa conseguia soltar-se um pouco mais (Éder falhou, aliás, nesta altura – minuto 74’ – um golo cantado...). Logo em seguida, ao minuto 78’, a Briosa volta para a frente do marcador: passe de Éder para Addy que, à segunda, bate Rui Rego. Festejava-se nas bancadas e a festa teria sido bem maior se Éder não falhasse de forma escandalosa um golo preparado por Diogo Valente (minuto 81’).

Na resposta, o Beira volta a empatar o jogo: ataque rápido, remate de André Marques, Peiser defende (mal!) para a frente e Tatu, em claro fora-de-jogo, faz o resultado final... 3-3 (aos 84’ há ainda outro golo anulado ao Beira).

Considerações finais

Desta feita, abdico da “classificação aos intervenientes do jogo”, dada a experiência fracassada na última semana.

De qualquer forma, sempre direi que não gostei minimamente da exibição da Académica: um futebol aos repelões, sem objectividade, muitos passes falhados, muita desconcentração. Em suma (e para não ser crucificado pelos que defendem que profissionais de futebol só podem jogar uma vez por semana...), só direi que esta equipa demonstra muito pouco "trabalho de casa": não há entrosamento entre os jogadores, falta ligação entre os sectores nas transições ofensivas (ao menos isso tínhamos com Jorge Costa...) e abundam as desconcentrações nas fases defensivas. Pior do que tudo: aquilo o que nos costuma salvar – a entrega e a ambição dos jogadores – também não esteve hoje no ECC (e jogar na quinta-feira não é desculpa: em quase todos os países se joga a meio da semana...).

Mal, muito, mas mesmo muito mal... A Académica e os Academistas merecem bem mais...

Se calhar sou muito exigente, mas a verdade é que ainda hoje defrontámos um clube que veio da 2ª Liga, em situação de insolvência iminente e com um grupo de jogadores bem mais modesto: lutaram, correram, foram humildes e solidários. Nós não.

Eles somam e seguem e nós vamos lutar pela manutenção... É assim...

Saudações Académicas,

Pedro Monteiro Almeida

P.S.: Não posso deixar de mandar daqui um abraço ao JP, presidente da Mancha. Para ele os meus desejos de rápidas melhoras.

6 comentários:

mitic0 disse...

Por favor Pedro, a classificação da semana passada não teve nada de fracassada, pelo contrário! Ainda estou para ver melhor em qualquer lado.

Aliás, tal como a presente análise, que roça a perfeição.

Eu de facto, perdoem-me o laxismo, não tive força de vontade para emitir mais desenvolvidas considerações. Saí um pouco desmotivado do estádio..

De qualquer maneira, não tendo jogado bem hoje, não partilho a opinião aparentemente maioritária de que José Guilherme seja assim tão mau treinador. Pelo menos do banco parece ler bem o jogo.
E isto ainda que insista no escalonamento absurdo de Pape Sow, que só serve para me provocar arritmias preocupantes..

Tivesse Éder marcado as suas duas oportunidades claras e a conversa seria bem diferente, parece-me.

pmalmeyda disse...

Mais uma vez, concordo contigo... pelo menos a ler o jogo é bastante bom. O resto... Não sei...

Preciso de ver bem mais e bem melhor contra a Naval.

Além disso, o discurso de que "faltam 7 pontos para a manutenção" também não me agrada de todo... Revela muita falta de ambição.

Vamos ver.

Abraço

Anónimo disse...

Caro Pedro Almeida
Acho que poucas pessoas escrevem com a sua qualidade em toda a blogosfera académica.
Continue a apreciar jogadores e a analisar os jogos porque vale a pena lê-lo.
Está bastante bem esta análise contra o Beira Mar.
Abraço

Briosa para sempre

Sarabia disse...

O anterior comentário é meu.

Briosa para sempre

pmalmeyda disse...

Caro Sarabia,

É com muito orgulho que recebo os seus elogios.

Tentarei (assim a vida o permita...) voltar a fazer a apreciação individual dos intervenientes já no próximo jogo ("a prática é amiga da perfeição"). Bom seria que os nossos jogadores me facilitassem a tarefa e nos brindassem com uma vitória. Esperemos para ver.

Um abraço,

Pedro Monteiro Almeida

Tiago Fernandes disse...

Confesso a minha falta de inspiração para escrever a crónica do jogo.

Mas depois de uma exibição como a da Briosa, a disposição não era lá muito boa.

Saudações académicas