14/03/11

Nacional 1 - 1 AAC: análise ao jogo e classificação dos intervenientes

Apreciação global

A Briosa conseguiu esta tarde, na Choupana, um ponto importantíssimo para as suas aspirações. Debaixo de uma tempestade medonha, com muita chuva, vento e frio, foram 1508 os espectadores que assistiram a um jogo que, à partida, era importantíssimo para ambas as formações: o Nacional precisava de ganhar para se juntar ao “grupo europeu” e a Briosa precisava de amealhar pontos para manter a distância em relação à linha de água (ou garantir já a manutenção, caso vencesse).

Num jogo muito dividido, foi a Briosa quem tomou as rédeas dos acontecimentos, mostrando logo nos primeiros 10 minutos que estava na Madeira para discutir o resultado. Encolhido, o Nacional subia a espaços, mas sem qualquer perigo. A Briosa continuava a mandar no jogo, mas o último passe não saía nas melhores condições e os remates também não assustavam Bracalli.

A partir dos 15’, o Nacional começou a aparecer um pouco mais no jogo, mas a Briosa não se encolhia, voltando para o comando das operações nos últimos 20’ da 1ª parte. Neste período, até teve algumas ocasiões para passar para a frente no marcador, mas os remates e os cruzamentos destoavam da qualidade de jogo evidenciada nos restantes sectores. O intervalo chegava e o nulo continuava no placar (resultado que, nesta altura, era injusto).

O Nacional regressou dos balneários muito mais afoito e assumiu o controlo do jogo. Inexplicavelmente, a Briosa demonstrou, neste período, uma grande intranquilidade e foi recuando no campo. Sucediam-se, então, as oportunidades para o Nacional e foi sem surpresa que se colocou em vantagem ao minuto 60’...

Estava na altura do tudo ao nada. Ulisses decidiu – muito bem – apostar no ataque e num jogo mais directo. Aproveita, então, a Briosa para se lançar com tudo para cima de um Nacional completamente recolhido ao seu meio-campo. Começa, então, um período enervante em que a Briosa atacava, mas continuava a falhar na finalização.

Ao minuto 90’ ainda cheirava a injustiça...

Mas não por muito tempo. Corria o minuto 90’+1 quando Diogo Valente cruza de forma fantástica para a cabeça do suplente Laionel que não enjeita o brinde e atira a contar: 1-1!

Estava feita a justiça no marcador e não demorou muito até o apito final do árbitro.

Divisão de pontos justa, num jogo (quase) sempre controlado pela Briosa que - hoje sim - mostrou garra e vontade de vencer o jogo. Aos jogadores os meus parabéns por acreditarem até ao fim. Temos 25 pontos e ficam a faltar 3 para a manutenção.


Estatísticas

Posse de bola: NAC 48% - 52% AAC

Remates: NAC 16 (9) – 17 (4) AAC

Oportunidades de golo: NAC 3 – 2 AAC

Cantos: NAC 3 – 5 AAC

Faltas cometidas: NAC 17 – 10 AAC

Cartões: NAC 1 (amarelo) – 0 AAC

Passes (AAC): 41% para a frente; 44% para o lado e 15% para trás


O treinador e a arrumação táctica

Ulisses Morais não surpreendeu quer no onze inicial, quer na táctica. A Briosa alinhou, então, com a seguinte equipa: Peiser; Pedrinho, Luíz Nunes, Berger e Addy; Diogo Melo, Nuno Coelho e Hugo Morais; Sougou, Éder e Diogo Valente. Ficaram no banco: Ricardo, Habib, Carreño, Laionel, Grilo, Hélder Cabral e Diogo Gomes.

Apresentou, desta forma, a mesma táctica que apresentara (aí, mal...) no jogo frente ao UDL em casa. Assim, a equipa colocou-se em campo num 4-3-3 de matriz mais defensiva, com um trinco de raiz (Nuno Coelho) e dois médios ligeiramente mais à frente (Diogo Melo e Hugo Morais), sendo que ambos defendiam nas transições defensivas. De notar, desta feita, o voluntarismo dos alas na ocupação dos espaços nos corredores, ajudando (e muito) na defesa. Nas transições atacantes, a Briosa estendia-se o mais rápido possível no terreno, subindo com um lateral, um ou dois médios e - claro - com os três da frente. Era o que o jogo exigia e compreende-se... Ainda assim, gostei essencialmente da atitude dos jogadores que nunca viraram a cara à luta, mesmo em desvantagem, acreditando sempre no melhor desfecho possível (se tivesse sido assim contra o UDL, por esta altura tínhamos a manutenção garantida).

De salientar, sobretudo, as mexidas ofensivas na equipa quando a Briosa estava em desvantagem: arriscou tudo e o ponto é o resultado dessa audácia...

Noto um problema (recorrente): a equipa continua a cruzar muito mal, quer nos cantos, quer nas jogadas corridas. Com outra eficácia, não tínhamos marcado apenas um golo nestas movimentações. A rever.

De qualquer forma, o nosso treinador esteve, de um modo geral, bem. NOTA 3,5


Árbitro

Previa-se o pior: catita não é um árbitro que traga grandes memórias às gentes afectas à Briosa. De um modo geral, creio não ter correspondido a essa fama. Foi perdulário nos cartões amarelos: a Sougou (aos 33’), a Mateus (aos 49’), a Patacas (aos 55’), a Luís Alberto (aos 68’) e a Edgar Costa (aos 86’), não assinalou um canto para a Briosa aos 48’ e esteve muito bem ao não validar o golo em fora-de-jogo ao Nacional aos 57’. Também não marcou um livre que seria muito perigoso para a baliza insular aos 88'.

Ainda assim, há um lance duvidoso na área do Nacional aos 36’, onde Patacas parece meter o braço à bola (não sei porque não vi...). NOTA 2,5


Os jogadores, um a um

Peiser: Não foi o jogo mais difícil que teve esta época. Teve uma defesa fácil aos 17’, saiu bem aos pés de Orlando Sá aos 47’ e defendeu uma bola a dois tempos aos 79’. O Nacional não lhe permitiu fazer melhor (e ainda bem...). Seguro. NOTA 3

Pedrinho: Mais um jogo muito bem conseguido por Pedrinho. Está em nítido crescendo de forma e a confiança também tem aumentado. Subiu pouco, mas esteve impecável atrás. Recuperou 20 bolas, fez um remate, 49 passes (acertando 87%), fez uma falta e sofreu outra. Atento. NOTA 3

Luiz Nunes: Continua a rubricar exibições seguras e ainda falhou um golo aos 31’ (rematou contra Lopes). Cortou algumas bolas de cabeça e ainda dobrou Berger em duas ocasiões. Saiu lesionado aos 63’. Fez 18 recuperações de bola, um remate, 16 passes (93% com a direcção certa), e 0 (!) faltas. Importante. NOTA 3

Berger: Não foi a melhor exibição deste nosso grande central. Foi cortando algumas bolas, mas esteve algo desconcentrado, sobretudo no início da segunda parte em que “ofereceu” uma bola para golo a Orlando Sá. Em compensação, recuperou um grande número de bolas, 25, (bom corte aos 79’), rubricou 20 passes (80% certos), fez uma falta e sofreu outra. Longe do que pode e sabe. NOTA 2,5

Addy: Eu que já me fartei de o criticar tenho de admitir que fez um óptimo jogo. Seguro atrás e, sobretudo, muito incisivo a atacar, só lhe faltou mais qualidade nos centros. Perdeu a timidez e soltou-se, combinando muito bem com Diogo Valente e dando muito trabalho aos defesas adversários. Recuperou 21 bolas, fez um remate à baliza, 61 (!) passes (75% certos) e cometeu 2 faltas, sofrendo 3. Espero que repita já na próxima semana. NOTA 3,5

Nuno Coelho: Um pulmão de aço no centro do terreno. Fez uma grande partida, servindo de tampão ao jogo do Nacional, jogando sempre muito recuado, como mandavam as vicissitudes do jogo. Lesionou-se aos 74’ e esteve 3’ (!) a receber assistência. Continuou em esforço até ao fim do jogo porque Ulisses já tina esgotado as substituições. Recuperou 26 (!) bolas, fez 58 passes (85% certos), cometeu uma falta e sofreu 3. Incansável. NOTA 3,5

Diogo Melo: É um senhor jogador! Correu, lutou, atacou e defendeu. Colocado um pouco mais à frente do que é comum com Ulisses, começou a tentar o golo logo aos 5’, repetindo aos 7’. Não deu uma bola por perdida e foi o principal responsável pela fraca exibição de Luís Alberto, a quem não deu um palmo. Pena aquela falta escusada à entrada da área... De qualquer forma, recuperou 26 (!) bolas, fez 3 remates e 64 passes (73% certos). Sofreu 4 faltas e cometeu 2. Lutador. NOTA 3,5

Hugo Morais: Continua a ser o elo mais fraco do meio-campo, mas, desta feita, não virou a cara à luta. Teve um bom passe aos 7’ para Melo e um bom cruzamento para Diogo Valente que ia dando em golo. Caiu - e de que maneira - na segunda parte, tendo sido o sacrificado no último assalto à baliza do Nacional. Recuperou apenas 13 bolas, fez um remate e 49 passes (81% certos). Fez uma falta. Tem de mostrar um pouco mais. NOTA 2,5

Sougou: Menos em evidência que noutras ocasiões, não logrou fazer a diferença no seu flanco. Em geral muito apagado, fruto da marcação impiedosa que sofreu por João Aurélio, nada lhe saiu bem, a não ser um cruzamento para Berger aos 50'. De resto, 16 recuperações de bola, 2 remates, 36 passes (77% certos) e uma falta cometida. Discreto. NOTA 2,5

Diogo Valente: Por ele, o jogo nunca pareceu perdido. Começou a brilhar aos 30’, com um belo remate, repetiu a dose aos 34’ e ficou muito perto do golo aos 39’. Voltou a tentar aos 53’ e aos 84’. Acreditou sempre no golo e brilhou a grande altura aos 90’+1, quando “partiu” Patacas e colocou a bola “redondinha” para Laionel fazer o 1-1. 16 recuperações de bola, 4 remates, 43 passes (apenas 63% certos), uma falta sofrida e uma assistência para golo. Melhor em campo. NOTA 4

Éder: Anda muito longe do que sabe fazer. Esteve quase sempre no sítio errado e nunca foi um perigo para Bracalli. Saiu lesionado aos 63’. Recuperou 6 bolas, fez 2 remates, 24 passes (70% certos), sofreu uma falta e cometeu outra. Muito apagado. NOTA 2

Pape Sow: Entrou aos 63’ para substituir o lesionado Luiz Nunes e foi o pânico... Teve logo duas falhas muito comprometedoras deixaram Peiser e Ulisses à beira da apoplexia, melhorou com o passar do tempo e ainda fez um corte importante aos 83’. Mais nada: 13 recuperações de bola, um remate e 13 passes (69% certos). Fraco. NOTA 2

Laionel: Entrou ao minuto 63’ para render o lesionado Éder, colocando-se no apoio aos avançados Sougou e Valente. Entrou discreto, mas foi a sua cabeça que decidiu o resultado do jogo ao responder bem ao ½ golo oferecido por Diogo Valente. Recuperou uma bola, fez 8 passes (62% certos), 2 remates e um golo. Talismã. NOTA 3

Carreño: Continuamos sem saber o que vale. Entrou em campo aos 73’ e pouco se viu. Recuperou 4 bolas e fez 6 passes (85% certos). Parece que estava no sítio certo para marcar, mas Laionel chegou 1º (ficou no chão, inconsolável;) [num comentário disseram-me que afinal quem caiu foi Nuno Coelho e que Carreño até teve um papel importante ao arrastar consigo os centrais, se assim foi, merece um pouco mais: 2,5]. Uma incógnita. NOTA 2

Temos, então, mais um pontinho e já somamos 25 (faltam 7 jornadas para o fim). A linha de água está a 9 pontos e creio que com mais 3 temos a manutenção assegurada. Claro que na próxima semana vai ser muito mais difícil pontuarmos no Porto (é que o FCP não é como o SLB, que hoje ofereceu um ponto ao Portimonense, jogando só com reservas... já não há vergonha nenhuma...).

Aos jogadores e à equipa os meus parabéns pela atitude, pela entrega e pela luta.

Saudações Académicas,

Pedro Monteiro Almeida

8 comentários:

Anónimo disse...

O carreno teve uma acção importante no golo, levou atrás de si o central deixando o meio da pequena área aberta para o laionel, quem cai de felicidade foi o número 66 esse é nuno coelho.

pmalmeyda disse...

Se assim foi, merecia um pouco mais... Confesso que já não consegui ver o resumo muito bem porque estava cheio de sono.
De qualquer forma, obrigado pela correcção.

Anónimo disse...

Caro Pedro Almeida,permita-me uma correcção na sua nota descritiva sobre o Nuno Coelho pois nao corresponde na totalidade á verdade (refiro-me ao minuto em que foi assistido). Quem esteve no estadio viu que o Nuno,apos ser assistido no relvado (no maximo durante 30seg),mal chegou á linha (ja em corrida) reentrou de imediato em campo.

mitic0 disse...

Que bom é ver o jogo a ser discutido seriamente!

Obrigado aos comentadores por participarem neste espaço!


Para quem, como eu, pouco conseguiu saber do jogo é indispensável a contribuição de todos, desde logo o trabalho genial do Pedro.


Cumprimentos e bom trabalho

citrex disse...

boa tardem

a nota do habib nao é a mais correcta.

o erro do habib e provocado pelo peiser. Peiser marca um pontape de baliza rapido e habib ainda estava dentro da area, teve de dar uma corrida para sar da area e receber a bola. assim que a recebe tem 2 jogadores do nacional em cima dele. O peiser ficou irritadissimo e o habib fez questao de lhe dizer que a culpa era do peiser.

De resto concordo com quase tudo.

Fizemos uma boa primeira parte e uns 15minutos finais muito bons.


O lance na area do nacional não me pareceu penalty. Mas é mais penalty que o que nos foi assinalado nos dois jogos com o olhanense, ai os ladroes de apito na boca nao tiveram duvidas nenhumas.


Os meus parabens a toda a equipa e aos fantasticos adeptos que tiveram na madeira.

pmalmeyda disse...

Caro "anónimo",

A minha apreciação foi feita com base nos relatos que ouvi (RUC e RRCentro) e nos separadores "ao vivo" dos sites que acompanharam o jogo (record, aborla, maisfut e lfpf), pelo que não vi o jogo. Tanto os comentadores da RRC como o maisfut, fazem referência a esse hiato.

Mas fica, então a correcção.

A questão do Habib, é exactamente a mesma...

Saudações Académicas

Anónimo disse...

Eu estive no estádio e não concordo novamente com as suas apreciações, até porque nem as devia fazer, pois não esteve lá !!!!! como disse, anteriormente, não se pode reger pelos comentários dos outros "jornalistas".

Saudações Académicas
Caminhoooooo para vencer no dragão

pmalmeyda disse...

Caro "anónimo" (15-03-2011; 21:48),

Apesar de discordarmos nas apreciações aos jogadores, concordamos numa coisa: de facto, não estou minimamente habilitado para proceder a "empreitadas" deste género. Mas não apenas por não ter estado no estádio (já há alguns anos que não posso deslocar-me propositadamente à Madeira para ver um jogo de futebol - claro que a malta que vai não faz apenas isso - embora já o tenha feito, em tempos "que já lá vão" e tenha adorado a experiência). É que, como provavelmente não sabe, não sou "jornalista": a minha área de formação é outra, completamente distinta e teoricamente assaz longínqua. Portanto, tem toda a razão, e é bom que isso fique escrito para referência futura...

Além disso, como calcula, também não tiro quaisquer dividendos desta "actividade": faço-o apenas por amor à minha Briosa e por achar - como alguns leitores que felizmente têm a amabilidade de ir comentando - que havia espaço para "algo mais" na blogosfera académica.

Mais: felizmente, para além do nosso, existem há alguns anos outros espaços na internet exclusivamente dedicados à nossa Briosa (alguns deles com bastante qualidade!) e que também lhe permitem um bom acompanhamento daquilo o que se vai passando com o nosso amado clube. Assim sendo, ninguém o obriga a perder o seu tempo com um texto tão comprido, qualitativamente fraco e inverosímil... Faça como eu: não gosta, procure outras fontes (na nossa barra lateral encontra links para alguns daqueles espaços, visite-os que não dará o seu tempo por perdido...).

De qualquer forma, tendo ido à Madeira, estou certo que teria histórias (e "estórias") bastante interessantes para partilhar com a nação academista, não só sobre o jogo, mas também sobre a viagem em si. Caso tivesse disponibilidade, podia "perder" o tempo que, se calhar - como eu - não tem, para depois todos lermos e darmos a nossa opinião (e podia até acontecer que dedicasse 2 horas da sua noite de domingo a escrever um determinado texto, para depois ler um comentário tipo o seu...). Confesso que, pelo menos eu, teria todo o prazer em lê-lo...

Mesmo assim, confesso que cada vez mais me sinto inclinado a fazer-lhe a vontade porque, de facto, não tenho mesmo tempo - nem personalidade - para "isto"...

Agradeço, de qualquer forma, a sua opinião (já fez mais por este espaço do que muitos que por aqui vão passando e nunca "dizem de sua justiça"...) e talvez a partir da próxima semana já não tenha de perder tempo com esta nossa "rubrica"...

Com os melhores cumprimentos,

Pedro Monteiro Almeida