10/02/11

Ser da Académica - Parte 2


Conforme me tinha comprometido, irei agora debruçar-me sobre a gestão e a política desportiva. Antes demais, um pedido de desculpas prévio. Com tanto para falar sobre este assunto, demorei a escrever este segundo post pois, o receio de ser demasiado maçudo e/ou de me afastar do essencial foi considerável. Ultrapassados estes contratempos e, acima de tudo, a falta de tempo crónica desta altura da minha (nossa vida), tentarei abordar aspectos que considero essenciais.

Neste post, por opção, não abordarei directamente questões financeiras (deixando talvez para uma terceira parte), pois tenciono centrar-me na gestão e política desportiva.

Começando por esta última, olhando para o plante da Briosa assistimos a ares de uma opção por jogadores nacionais dado o seu peso no plantel principal. Digo ares pois são muito poucos aqueles jogadores portugueses que foram recrutados nos escalões inferiores, em idade jovem e com preços que dificilmente ultrapassam os 100 mil euros.

Sobre este assunto saliento desde já que é vergonhoso que, um clube da craveira do nosso, não se assuma no panorama nacional, como dominante no mercado da II Liga, nomeadamente de jovens jogadores lusos, com escola mas, com as normais dificuldades na transição para o futebol sénior. Valores esses, nunca é demais repetir, a baixo custo e com possibilidades de retorno financeiro.

Voltando atrás. Dentro do nosso plantel assistimos a situações interessantes como o caso de Miguel Fidalgo, reserva do Nacional ser titular na Briosa. Não será a esta a melhor política desportiva. O que não serve a um clube que deveria andar sempre atrás de nós, não deveria fazer carreira no nosso. Triste sina esta, com os resultados que se conhecem ( e não me digam que o homem vai marcando uns golitos pois, para mim, o objectivo da Briosa deverá ser bem mais ambicioso).

A falta de ambição na nossa equipa é muitas vezes alarmante. Tal facto, fica quanto a mim a dever-se aquilo que procuramos no mercado das transferências.

Para começar (como já foi sobejamente repetido neste espaço) falta-nos um modelo de jogo. Um modelo de jogo que seja utilizado, sempre com algumas variantes, frente a qualquer adversário. Após o termos definido, há que encontrar jovens jogadores, com vontade de singrar no futebol profissional, contrata-los por um número de anos suficiente para lhes dar estabilidade profissional e ao mesmo tempo a possibilidade de a Briosa fazer bons encaixes financeiros com os seus passes.

Fazendo desta forma a passagem para a gestão desportiva, parece-me assombroso que na Briosa não existam objectivos anuais bem definidos a este respeito. Sendo o futebol o nosso core business, a Briosa deveria todos os anos fazer pelo menos uma venda de um jogador que lhe permitisse o pagamento de uma percentagem significativa dos custos dessa época com o futebol e o reinvestimento em jogadores do tipo que acima referi.

Reforço aqui o facto de todo este modelo assentar em compras de jogadores jovens, de baixo custo, com grande margem de progressão e com contratos de longa duração.

Um outro facto importante é a forma como se renovam contratos com os jogadores e sem vendem os seus passes, aproveitando ou não as oportunidades que vão surgindo.

Começando por aqui e sem populismos ou ataques pessoais, foram ruinosas as saídas da Briosa do Nuno Piloto e do Zé Castro. Se sabemos da vontade do jogador em sair (existente no caso do central por exemplo) há que realizar um bom encaixe e não deixa-lo sair a custo zero. Rezam as crónicas que o mesmo jogador poderia ter saído rumo a Lisboa por uma boa maquia, mas que um desentendimento pessoal, lesou a Briosa em valentes €. Verdade ou não, a realidade é que saíram ambos a custo zero. Diz-se também que Pedrinho poderia ter saído para a Alemanha no ano transacto. Não se percebe porque não foi aceite a proposta, especialmente tendo em conta a sua idade e o seu desempenho. Não sendo um mau jogador, também não se assume como um fora-de-série, um insubstituível. Chegando a esta época, não se percebe o porquê de mais uma vez estarmos na agonia de ver sair o nosso melhor jogador de borla (Sougou). O que se andou a fazer durante todos estes anos, pergunto eu?

A gestão é muito simples de se fazer. Ou renova dois anos antes do seu contrato expirar (no caso de o clube não ter um opção de prorrogação do contrato - coisa que de resta deveria ser política interna na Briosa), ou é colocado no mercado para garantir o supramencionado encaixe financeiro.

São erros como os que indiquei que nos fazem depois não ter dinheiro nem sequer para mandar cantar um cego e, para abatermos ao passivo, apertarmos o cinto de tal forma, que um dia destes rebentamos, ou na segunda ou a fazer treinos de captação como a malta de Aveiro....

Acrescento também que, não possuo a pretensão de me sentir dono da verdade ou de ter descoberto algo de brilhante, penso é que estas situações são tão gritantes que saltam à vista até aos olhos de um simples adepto como eu.

É claro que tudo isto seria mais fácil, não necessariamente com outras pessoas (isso não tenciono discutir) mas com um modelo de organização interna e com um departamento de futebol a sério. Assim com um director desportivo profissional e com um ou dois olheiros também profissionais, por forma a podermos, de forma poupada e sem cometer loucuras, ter uma equipa competitiva e que pudesse almejar mais do que 30 pontos numa época.

É que isto de navegar à vista, só deu resultados nos Descobrimentos....

Saudações académicas

2 comentários:

pmalmeyda disse...

Mais um excelente trabalho, meu caro.

Se ao menos estas ideias chegassem aos respectivos destinatários...

Abraço

Sarabia disse...

Caro Tiago

Tocou sem dúvida nos aspectos essenciais da nossa má gestão nas contratações.
Gritante como diz, mas por mais que se grite os erros continuam, o caso Nuno Piloto representa para mim o que melhor (ou pior) define a nossa falta de identidade.
Somos com efeito, como frisou, uma equipa sem fio de jogo, mais do que notório. Uma equipa aos solavancos tal como a nossa gestão.

Um abraço

Briosa para sempre