18/01/11

UMA VERDADE INCONVENIENTE

Segundo o Jornal " Público" de hoje:

Em média, apenas 6,4 por cento dos jogadores das equipas da I Liga portuguesa de futebol foram formados no clube que actualmente representam. Esta é uma das principais conclusões da terceira edição do Estudo Demográfico sobre Futebolistas na Europa, que será hoje apresentada e a que o PÚBLICO teve acesso.

Este dado sobre a falta de espaço para os jovens jogadores nacionais cruza-se também com o conhecido recurso a jogadores estrangeiros: a Liga portuguesa é a terceira que mais recorre a futebolistas de outros países (56,4 por cento), sendo só superada por Chipre e Inglaterra.

Outra característica comprovada por este estudo é a elevada rotação de jogadores nas equipas portuguesas: por um lado, os clubes nacionais estão no topo quando se compara o número de contratações efectuadas (média de 13,3 em 2010) e, por outro lado, os futebolistas permanecem, em média, pouco mais de dois anos nas respectivas equipas.

Uma das explicações para esta situação é o facto de Portugal ser também um país exportador. No universo de 36 campeonatos europeus analisados, os portugueses representam o quinto maior contingente de jogadores a actuar fora dos países de origem, atrás de Brasil, França, Argentina e Sérvia. Ao todo, eram 124 os portugueses que no início da temporada jogavam fora do país, em campeonatos europeus.

"Os futebolistas que emigram têm de ser substituídos por outros, o que explica a grande rotação", diz ao PÚBLICO Raffaele Poli, um dos autores do estudo demográfico. "Além disso, muitos clubes portugueses estão em má situação financeira, o que constantemente os leva a procurar novos jogadores, no sentido de os vender por preços mais elevados", acrescenta Poli, notando também a crescente intervenção de empresários que detêm percentagens de passes de jogadores - em Portugal e não só.

O Brasil continua a ser a origem preferencial dos jogadores contratados no exterior para o campeonato português e os clubes lusos demonstram particular interesse por futebolistas não europeus, especialmente da América do Sul, a ponto de o Benfica liderar o ranking dos clubes que mais contratam jogadores a emblemas de fora da Europa. Nessa lista, seis dos presentes no top ten são portugueses.

No contexto dos 534 clubes analisados, há também dois portugueses entre os que têm maior percentagem de estrangeiros: Marítimo (6.º, com 78,6 por cento) e Braga (11.º, com 76,9 por cento). No pólo oposto continuam o Athletic de Bilbau e mais 24 clubes (do Atletas Kaunas da Lituânia ao Finlal da Irlanda), que jogam sem atletas de outros países.

Preocupação na selecção

Os principais clubes portugueses até têm tradição na formação - a ponto de Sporting, FC Porto (ambos com nove atletas) e Benfica (oito) terem jogadores emprestados a outros clubes -, mas a falta de oportunidades para os jovens jogadores é quase transversal a todos as equipas nacionais. O Sporting é a excepção, tendo cinco jogadores (20 por cento) que saíram da sua formação. O FC Porto tem apenas dois e o Benfica um. Clubes como Académica e Nacional ficam mesmo a zero - sendo que, para ser considerado formado no clube, um futebolista tem de lá ter jogado pelo menos três épocas entre os 15 e os 21 anos.

Este cenário é fonte de grande preocupação na Federação Portuguesa de Futebol, onde já se sentem os efeitos nas selecções mais jovens. Rui Jorge, treinador dos sub-21, admitiu ao PÚBLICO que já sente dificuldades em encontrar jovens jogadores portugueses e revelou que do universo dos 481 seleccionáveis para a sua equipa apenas seis têm jogado na I Liga.

TF

8 comentários:

Anónimo disse...

Tudo bem, mas eder, grilo e barroca são da formação, o sissoko e o amessan, podem não contar até aceito mas os outros 3.

Tiago Fernandes disse...

Caro anónimo,

Bem sei disso, mas a questão em causa é... quantos minutos de utilização tem cada um deles?

Porque se foram buscar reforços de qualidade duvidosa para essas posições?

Saudações académicas

Pedro Santos disse...

Bom, o Barroca já demonstrou por mais que uma vez que não deverá, infelizmente, ser opção, portanto, foi-se buscar um verdadeiro reforço. O Eder tem jogado, mas tem à sua "frente" um dos melhores marcadores do campeonato, por isso, compreende-se a sua menor utilização. Quanto ao Grilo, sim, considero que deveria jogar mais, mas também não é preciso estar sempre a bater no Habib, coitado :)

Tiago Fernandes disse...

Estimado leitor,

Acho que deverá concordar comigo quando digo que os jovens da Briosa deveriam jogar mais, ao invés de se apostar em jogadores de qualidade muito duvidosa.

Por exemplo, Barroca será pior que Ricardo? Grilo será pior que Addy? Sinceramente não me parece.

Quanto ao nosso jogador Sow, serviu somente de ilustração

Saudações académicas,

TF

pmalmeyda disse...

E a Briosa até tem academia... Também creio que era boa altura para se começar a apostar nos jovens da formação ou em jovens formados nos clubes nacionais: às vezes até são bem mais baratos, já estão adaptados à nossa realidade e creio não se perder nada em qualidade em comparação com os contentores que aí chegam do Brasil todos os anos.

Saudações Académicas

pmalmeyda disse...

Se calhar estava na altura de implementar medidas no sentido de evitar a continuação deste "status quo". Falo, por exemplo, da regra 4+4 que já existe nas competições europeias. Nas respectivas inscrições, cada clube tem de apresentar 4 jogadores formado nas suas camadas jovens e outros 4 formados nos seu país (a alternativa é deixarem esses lugares em branco...). Em Portugal, o único clube que cumpriu esse requisito foi o Zbortin...

Saudações Académicas

Anónimo disse...

Concordo quando dizem na aposta da formação, mas o grilo é melhor a defesa esquerdo e nesse lugar e ainda bem esta tapado, mas podia-se enviar o outro para o porto. Julgo que das maiores perdas o ano passado foi pedro ribeiro, tem um grade faro para golo

pmalmeyda disse...

Concordo plenamente... Creio que estava na hora de devolvermos o Addy à proveniência. O Grilo tem qualidade suficiente para ocupar o lugar quando o Hélder não possa jogar e era uma boa forma de valorizarmos o que é nosso em vez dos jogadores de outros.

O recurso a um jogador emprestado deve ser uma solução temporária e apenas nos casos em que não há soluções de qualidade no plantel para uma determinada posição da equipa titular (não vale a pena recorrer a empréstimos para depois se colocar o jogador no banco). O futuro sustentável de um clube passa sempre pela valorização dos seus activos.

P.S.: Também concordo que essa do Pedro Ribeiro foi uma asneira tremenda (certamente não é pior jogador que o Carreño...).

Saudações Académicas